Reflexão

A FÉ NÃO CONSISTE NA IGNORÂNCIA, MAS NO CONHECIMENTO.
João Calvino

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Amazônia Republicana: de Vargas aos militares



Influência no Amazonas 
Após 1930, no Amazonas, ocorreu a deposição do governador constitucional Dorval Porto e a nomeação de uma junta interventora federal, constituída por Pedro H. Cordeiro Júnior, Francisco Pereira da Silva e José Alves Brasil. Passado um mês de intervenção, a junta governativa foi substituída pelo governador biônico Álvaro Botelho Maia.
Em 1940, o ditador Getúlio Vargas visitou a Região e pronunciou, em Manaus, o "Discurso do rio Amazonas". Foi recepcionado com um banquete no salão nobre do Ideal Clube. Destacou em seu discurso que a Amazônia era a "terra do futuro, o vale da promissão na vida do Brasil de amanhã". Falava, ainda, de "exploração nacional das culturas, concentração e fixação do potencial humano", pois a marcha para o Oeste integraria a Região "no campo econômico da nação, como fator de prosperidade e energia criadora".
4. GRANDES PROJETOS 
No segundo governo de Getúlio Vargas, em 1953, ele criou a Superintendência de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), como o objetivo de desenvolver a Região por meio do extrativismo (mineral, vegetal e animal), da agricultura e da pecuária. Mas a falta de infra-estrutura (estradas para escoar a produção) e o investimento destinado quase que exclusivamente para a borracha, excluindo, assim, outras atividades como a da juta e a da pimenta-do-reino, levaram à falência do SPVEA.
Assim, fazia-se necessário dinamizar as atividades produtivas, ou iniciar novas atividades econômicas, inclusive industriais. Em 1950, a Lei n.° 1.164, de 30 de agosto, transformou o Banco de Crédito da Borracha S.A. em Banco de Crédito da Amazônia. Ampliou-se o raio de ação do Banco ao lado da continuidade do seu apoio ao extrativismo da borracha.
A juta e a pimenta-do-reino foram introduzidas, na Região, por japoneses nos anos 50. A região de cultivo era a zona Bragantina (Pará), Baixo Amazonas (Santarém e Parintins) e no Alto Amazonas (Manacapuru).
A Amazônia passou a despertar interesse do capital nacional e internacional a partir de 1958, com a construção da estrada Belém-Brasília. Foi a partir desse momento que os recursos naturais foram sendo apropriados pelos grandes grupos econômicos, principalmente com a implantação de grandes projetos de mineração, exemplo do ICOMI (Indústria e Comércio de Mineração S.A.), e a concessão de dezenove castanhais nativos para a JARI Florestal.
O populismo na Amazônia
Os governos mais representativos desse período foram, no Amazonas, os de Plínio Coelho e Gilberto Mestrinho; no Pará, o de Aurélio do Carmo. Os partidos mais representativos do populismo foram PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) no Amazonas e PSD (Partido Social Democrático) no Pará.
Essa geração de políticos defende a bandeira do desenvolvimentismo. A finalidade dos representantes dos modelos era tirar a Região do atoleiro econômico, desemperrar a máquina burocrática e reformar os métodos de arrecadação fiscal. Procuraram reorganizar as atividades extrativistas, aproveitando a conjuntura econômica internacional, que precisava de uma maior demanda de fibra de juta, pimenta-do-reino, castanha da Amazônia e madeiras de lei.
No setor educacional, sob o impulso desses governos, foram criadas as Faculdades de Filosofia no Pará (1955) e no Amazonas (1962).
Depois do golpe militar de 1964, as fronteiras econômicas da Amazônia foram abertas ao capital nacional e internacional com o incentivo do Governo Federal. Mas para que seu projeto fosse posto em prática, os militares cassaram, perseguiram, mataram e exilaram as lideranças democráticas e populares da Região.
5. OS PROJETOS MILITARES
A partir dos anos de 1960, acentuaram-se as transformações econômicas e sociais na Amazônia, principalmente após a inauguração da rodovia Belém-Brasília, em 1966. Os militares propiciaram a abertura econômica ao grande capital e, dessa forma, desenvolveram-se atividades de mineração, agrícola, pecuária e industrial. Melhoraram e desenvolveram-se os sistemas de transportes e de comunicação.
Em 1966, no governo de Castelo Branco, foi criada a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) em substituição da SPVEA. A finalidade era dinamizar a economia amazônica, coordenar e supervisionar (e mesmo elaborar e executar) programas e planos de outros órgãos federais.
A SUDAM criou incentivos fiscais e financeiros especiais para atrair investidores privados nacionais e estrangeiros. Foi a partir daí que os setores agrícola, pecuário, industrial e de mineração passaram a ganhar maior dinamismo. Ainda em 1966, o Banco de Crédito da Amazônia S.A. foi transformado em Banco da Amazônia S.A. (BASA).
Outros órgãos foram criados com a finalidade de integrar e dinamizar economicamente a Região Amazônica:
a) Em 1967, foi criada a Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.
b) Em 1970, o Governo Federal adotou o Plano de Integração Nacional – PIN e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA.
c) Em 1971, o Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste – PROTERRA.
d) Entre 1971-1978, construíram-se várias rodovias importantes tais como: Transamazônica, Perimetral Norte, Cuiabá-Santarém e Manaus-Caracaraí (BR-174).
e) Em 1974, foi criado o Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia – POLAMAZÔNIA.

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