Reflexão

A FÉ NÃO CONSISTE NA IGNORÂNCIA, MAS NO CONHECIMENTO.
João Calvino

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Clube da Madrugada

In: http://www.portalamazonia.com.br/secao/amazoniadeaz/interna.php?id=990

O Clube da Madrugada foi criado ao amanhecer do dia 22 de novembro de 1954, na praça  Heliodoro Balbi, mais conhecido  como  praça da Poliícia.

Os fundadores  Naquele dia e naquela adiantada hora, achavam-se reunidos  os seguintes jovens: Celso Melo, Farias de Carvalho, Fernando Colyer, Francisca Ferreria Batista, Humberto Paiva, João Bosco Araújo , José  Pereira Trindade, Luiz Bacellar; Saul Benchimol e Teodoro Botinelly. Talvez houvesse ainda outros, mas é impossível sabermos, depois de tanto tempo.

A conversa, então, recaiu sobre a necessidade de fundar uma agremiação literária. Depois de algum tempo, por sugestão de Luiz Bacellar ou de Saul Benchimol, concordaram todos com o nome sugerido: Clube da Madrugada.

Significado  O nome Madrugada de acordo não só com a hora em que foi fundado o novo grêmio literário, como também significava, de modo figurado, o surgimento de um novo dia para a cultura do Amazonas. Um novo dia, em que o passado de atraso, conforme o pensamento daqueles jovens fosse enterrado.

Importância histórica  O Clube da Madrugada conseguiu cumprir o que pretendia: tornou-se uma grande expressão cultural. Fundado também com a intenção de se opor à Academia Amazonense de Letras, que não dava vez aos jovens, o Madrugada tornou-se o memento mais importante das letras no Amazonas.

Alguns dos rapazes que estavam no momento da fundação do Clube não permaneceram em suas fileiras. Outros, porem, motivados pelo sucesso, pediram sai filiação. É o caso dos Estranhos Visitantes e Jorge Tific, Alencar e Silva, Carlos Gomes, L. R uas, Éramos Linhares, Élson Farias, Astrid Cabral. E outros e outros, ao longo dos anos.

Ao serem admitidos como membros, os novos integrantes eram batizados de Cavaleiros iniciados em todas as Madrugadas do Universo.

Atuação literária  Na poesia, a primeira fase do clube é neo-simbolista. Ela se filia à chamada Geração de 45 da Literatura Brasileira. São representantes dessa tendência, dentre outros, Jorge Tufic, Sebastião Norões, L.Ruas e Alencar e Silva.

Com o tempo, novas tendências surgiram. Uma delas foi a poesia política, que apontava males da sociedade brasileira. O principal praticante dessa temática foi Farias de Carvalho, em poemas do livro Cartilha do Bem Sofrer com Lições de Bem Amar; de 1965. Uma terceira foi à poesia telúrica, ou seja, aquela que fala do homem e da natureza da Amazônia. Expressam essa fase autores como Luiz Bacellar (no livro Sol de Feira) e Elson Farias (Estações da Várzea, Barro Verde e outro). 

Na prosa de ficção, encontramos como seria de esperar; a narrativa telúrica ou regionalista. Arthur Engrácio é seu mais conhecido representante, com o livros de contos como Estórias do Rio e Restinga, além  do romance Áspero Chão de Santa Rita. Mas Antísthenes Pinto, também um poeta inspirado, escreveu sobre a mesma temática. É de sua autoria, por exemplo, a romance Várzea dos Afogados.

Outros contistas de tendências diversão são: Carlos Gomes (autor de Mundo do Mundo Vasto Mundo), Erasmo Linhares (O Tocador de Charamela e O Navio e outras Estórias), Astrid Cabral ( Alameda) e Benjamin Sanches  (o outro e outros contos).


In: http://www.revistas.uea.edu.br/old/abore/comunicacao/comunicacao_pesq/Pablo%20Edgardo%20Monteiro%20dos%20Santos.pdf

O presente artigo destina-se à apresentação dos resultados do projeto de iniciação científica que abordou a produção do Clube da Madrugada no período de 1961 a 1966. O objetivo geral deste projeto foi sistematizar e refletir sobre as informações artístico-culturais publicadas no suplemento artístico e literário Caderno Madrugada do periódico O Jornal , além de estabelecer um contato com as questões de identidade cultural amazonense  e com os métodos e as teorias do estudo da História da Arte e da Cultura. Este projeto teve como procedimento metodológico a pesquisa histórica. Foram aprimoradas as fichas de
catalogação e inventário de dados histórico-críticos de modo que possibilitassem o desenvolvimento de uma reflexão acerca do conteúdo artístico-cultural contido no suplemento literário no período mencionado. Paralelamente a esta atividade foram efetuadas as leituras de cunho teórico e metodológico que nortearam a análise. Procurou-se aqui trazer aos olhares aspectos como o do contexto histórico, artístico-literário e político em que se inseria o Movimento Madrugada,  alvo de nossas reflexões.


Amazônia Republicana: de Vargas aos militares



Influência no Amazonas 
Após 1930, no Amazonas, ocorreu a deposição do governador constitucional Dorval Porto e a nomeação de uma junta interventora federal, constituída por Pedro H. Cordeiro Júnior, Francisco Pereira da Silva e José Alves Brasil. Passado um mês de intervenção, a junta governativa foi substituída pelo governador biônico Álvaro Botelho Maia.
Em 1940, o ditador Getúlio Vargas visitou a Região e pronunciou, em Manaus, o "Discurso do rio Amazonas". Foi recepcionado com um banquete no salão nobre do Ideal Clube. Destacou em seu discurso que a Amazônia era a "terra do futuro, o vale da promissão na vida do Brasil de amanhã". Falava, ainda, de "exploração nacional das culturas, concentração e fixação do potencial humano", pois a marcha para o Oeste integraria a Região "no campo econômico da nação, como fator de prosperidade e energia criadora".
4. GRANDES PROJETOS 
No segundo governo de Getúlio Vargas, em 1953, ele criou a Superintendência de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), como o objetivo de desenvolver a Região por meio do extrativismo (mineral, vegetal e animal), da agricultura e da pecuária. Mas a falta de infra-estrutura (estradas para escoar a produção) e o investimento destinado quase que exclusivamente para a borracha, excluindo, assim, outras atividades como a da juta e a da pimenta-do-reino, levaram à falência do SPVEA.
Assim, fazia-se necessário dinamizar as atividades produtivas, ou iniciar novas atividades econômicas, inclusive industriais. Em 1950, a Lei n.° 1.164, de 30 de agosto, transformou o Banco de Crédito da Borracha S.A. em Banco de Crédito da Amazônia. Ampliou-se o raio de ação do Banco ao lado da continuidade do seu apoio ao extrativismo da borracha.
A juta e a pimenta-do-reino foram introduzidas, na Região, por japoneses nos anos 50. A região de cultivo era a zona Bragantina (Pará), Baixo Amazonas (Santarém e Parintins) e no Alto Amazonas (Manacapuru).
A Amazônia passou a despertar interesse do capital nacional e internacional a partir de 1958, com a construção da estrada Belém-Brasília. Foi a partir desse momento que os recursos naturais foram sendo apropriados pelos grandes grupos econômicos, principalmente com a implantação de grandes projetos de mineração, exemplo do ICOMI (Indústria e Comércio de Mineração S.A.), e a concessão de dezenove castanhais nativos para a JARI Florestal.
O populismo na Amazônia
Os governos mais representativos desse período foram, no Amazonas, os de Plínio Coelho e Gilberto Mestrinho; no Pará, o de Aurélio do Carmo. Os partidos mais representativos do populismo foram PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) no Amazonas e PSD (Partido Social Democrático) no Pará.
Essa geração de políticos defende a bandeira do desenvolvimentismo. A finalidade dos representantes dos modelos era tirar a Região do atoleiro econômico, desemperrar a máquina burocrática e reformar os métodos de arrecadação fiscal. Procuraram reorganizar as atividades extrativistas, aproveitando a conjuntura econômica internacional, que precisava de uma maior demanda de fibra de juta, pimenta-do-reino, castanha da Amazônia e madeiras de lei.
No setor educacional, sob o impulso desses governos, foram criadas as Faculdades de Filosofia no Pará (1955) e no Amazonas (1962).
Depois do golpe militar de 1964, as fronteiras econômicas da Amazônia foram abertas ao capital nacional e internacional com o incentivo do Governo Federal. Mas para que seu projeto fosse posto em prática, os militares cassaram, perseguiram, mataram e exilaram as lideranças democráticas e populares da Região.
5. OS PROJETOS MILITARES
A partir dos anos de 1960, acentuaram-se as transformações econômicas e sociais na Amazônia, principalmente após a inauguração da rodovia Belém-Brasília, em 1966. Os militares propiciaram a abertura econômica ao grande capital e, dessa forma, desenvolveram-se atividades de mineração, agrícola, pecuária e industrial. Melhoraram e desenvolveram-se os sistemas de transportes e de comunicação.
Em 1966, no governo de Castelo Branco, foi criada a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) em substituição da SPVEA. A finalidade era dinamizar a economia amazônica, coordenar e supervisionar (e mesmo elaborar e executar) programas e planos de outros órgãos federais.
A SUDAM criou incentivos fiscais e financeiros especiais para atrair investidores privados nacionais e estrangeiros. Foi a partir daí que os setores agrícola, pecuário, industrial e de mineração passaram a ganhar maior dinamismo. Ainda em 1966, o Banco de Crédito da Amazônia S.A. foi transformado em Banco da Amazônia S.A. (BASA).
Outros órgãos foram criados com a finalidade de integrar e dinamizar economicamente a Região Amazônica:
a) Em 1967, foi criada a Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.
b) Em 1970, o Governo Federal adotou o Plano de Integração Nacional – PIN e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA.
c) Em 1971, o Programa de Redistribuição de Terras e Estímulo à Agroindústria do Norte e Nordeste – PROTERRA.
d) Entre 1971-1978, construíram-se várias rodovias importantes tais como: Transamazônica, Perimetral Norte, Cuiabá-Santarém e Manaus-Caracaraí (BR-174).
e) Em 1974, foi criado o Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia – POLAMAZÔNIA.

Amazônia Republicana: A Rebelião de 1924 e a Comuna de Manaus



Comuna de Manaus foi um movimento tenentista ocorrido no Amazonas no ano de1924.
Tenentismo já havia ocorrido em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Pará, entre outros locais.
Deflagrada a 23 de julho de 1924, a rebelião dos militares de Manaus situa-se dentro de um quadro geral dos movimentos liderados por militares tenentes que naquele momento formularam críticas ao poder estabelecido, atingindo-o na esfera jurídico-política. Militares que procuraram demonstrar o abuso do poder, por parte dos oligarcas que estavam controlando o governo. No caso de Manaus, a oligarquia cujo domínio se contestava, reunia-se em torno do nome de César do Rego Monteiro.
A Rebelião iniciada na capital do Amazonas, logo se estendeu à região de Óbidos, no Pará, local em que se concentraram as operações militares, dada a posição estratégica da cidade e do seu forte. O alvo dessa expansão militar era Belém do Pará, onde as guarnições buscavam unir-se, mas, devido aos imprevistos, os rebeldes ficaram restritos à região de Óbidos, controlando a passagem pelo Rio Amazonas e o governo da capital Manaus até o dia 28 de agosto de 1924, quando ocorre a repressão do movimento, através das forças federais.
Na década de 1920, há uma crise no preço da borracha devido a uma queda no mercado internacional. Isso gera problemas sócio-econômicos em todo o Estado, o que provocou divergências entre grupos e facções. Os jornais "O Tempo", "Gazeta da Tarde", "O Amazonas", "A Imprensa", "Jornal do Povo", dentre outros, noticiaram tais conflitos.

Antecedentes
A situação era caótica no Amazonas, resultado da prolongada crise dos preços da borracha e dos efeitos da Primeira Guerra Mundial, entretanto, para as facções em disputa, havia críticas, acusações de corrupção administrativa. O governo estadual, para sanar a crise, busca auxílio ao federal, porém só conseguia empréstimos nos momentos de maior estado crítico, mas que resultavam em grandes endividamentos. Ao assumir o mandato de 1921-1924, César do Rego Monteiro, que fora empossado pelo presidente Epitácio Pessoa após o boicote nas eleições (Rego Monteiro havia perdido nas urnas). Ao assumir, o PRA (Partido Republicano Amazonense) e a Assembléia Legislativa entram em conflito. Além de o Amazonas ser pouco considerado pelo poder central, gerando grandes críticas do novo governador. A eleição e a posse de Rego Monteiro ocorreram com agitação popular. Sua posse assim é descrita pelo jornal "A Liberdade", no dia 5 de outubro de 1921.
Cquote1.svg… Manaus era uma praça de Guerra desde o Palácio da Justiça, onde estava reunido superior tribunal de Justiça, até o Palácio Rio Negro, estendiam-se em alas as forças federais para garantir a investidura de César do Rego Monteiro no governo do Estado.Cquote2.svg
Devido a essas crises, há fome e tentativas de levantes em busca de alimentos, nas propriedades. A família de Rego Monteiro consolidava-se no poder e o povo ficava sempre a mercê dos chefes políticos. Aproximavam-se novas eleições e havia divergências bem concretas em relação ao possível sucessor.
Acrescentando-se à gravidade da situação política no Estado Amazonense, existia o fato da baixa cotação da borracha, que coincidem, neste período. Isso induz a uma nova tomada de posição, ou seja, essa ambiência determinou, a nível estadual, a própria rebelião e o governo revolucionário dos militares que, transferidos, se encontravam em Manaus naquele momento (foram transferidos de outros Estados por estarem implicados em movimentos de rebeldia contra o poder). Eles eram vistos como "indesejáveis" por parte dos militares. Nessa conjuntura, surge a notícia da rebelião de São Paulo. A simpatia era notória pela população de Manaus e de Belém.

[editar]O Levante de 23 de julho

Essa situação provocou uma atitude decisiva. Os militares da Guarnição de Manaus, que estavam se preparando para um levante, decidem iniciá-lo no dia 23 de julho. Na capital do amazonas, os militares, com essa iniciativa, estavam aderindo aos propósitos dos rebeldes de São Paulo. Houve, desde o início de julho, boatos, sobre o possível Levante. Arthur Bernardes informou tais informações ao governador em exercício, Turiano Meira (Rego Monteiro estava na Europa), contudo, nada foi feito. Os rebeldes, numa operação militar rápida, conseguiram dominar a situação, pois a força policial não dispunha de pessoal suficiente para resistir e contra-atacar. Os rebeldes realizam prisões de autoridades e de pessoas ligadas ao grupo de Rego Monteiro. Eis um relato sobre o corrido:

Cquote1.svgUma força do 27º Batalhão, descia a Avenida Eduardo Ribeiro, conduzindo a artilharia. Os soldados marchavam na melhor ordem, em forma, como se fossem realizar uma parada. Mas o carro de guerra que puxavam despertou a inquietação em toda a gente que observava o desfilar da tropa. Dez minutos depois, ouvia-se o ruído da fuzilaria e alguns disparos de canhão, em rumo ao quartel da polícia.
A população de Manaus ficou sobressaltada, tomada de um grande pânico. Todas as portas se fecham. O tiroteio não demora senão uma hora. Sabe-se então que aquela unidade do nosso exército comandada pelo capitão José Carlos Debois, revolta-se, depondo as autoridades constituídas do Estado.
Turiano Meira, que substituía Rego Monteiro, em viagem para a Europa, retira-se pelos fundos do Palácio Rio Negro, visto que este fora atacado de surpresa, pela frente. O lº Tenente Alfredo Augusto Ribeiro Junior, faz a ocupação efetiva do prédio que era a sede governamental.
No quartel de polícia, o coronel Pedro José de Souza, não desmentindo a sua lealdade de velho soldado, resiste ao ataque, até ser gravemente ferido. É ocupada também aquela posição. Estava a revolta triunfante.
Cquote2.svg
BITTENCOURT, Ângelo. "O Momento Histórico", Boletim Maçônico, ago/set de 1924
Os militares isolam Manaus do resto do Brasil por mais de um mês, pois tomam as estações de Telégrafos e Telefônicas, além de se apropriarem do vapor "Bahia", que estava ancorado em Manaus. Eles possuíam críticas aos poderes constituídos da República brasileira, que estava afastada dos ideais democráticos. Viam-se como "legítimos mandatários do povo", assim como os revoltosos de São Paulo. O governador, em caráter militar, era o primeiro tenente Alfredo A. Ribeiro Junior. Eis um trecho do seu discurso, o qual fala dos objetivos da revolta, publicado no Jornal do Povo, na sua primeira edição, no dia 24 de julho:
Cquote1.svgO nosso objetivo é, exclusivamente, cooperar nessa gigantesca e sacrossanta cruzada de beneficiamento para o país e de liberdade para o povo… Este formoso e exuberante elemento da Federação Brasileira não podia, assim, escapar à ação destruidora desses enodoadores e vendilhões da Pátria… E o meu governo, originário dessa peleja, ardorosa e pertinaz, que se encadeia pelo território brasileiro, com um turbilhão de energias combativas que despertam não poderá senão ser um reflexo seguro desse mesmo ardor que na memorável noite do dia 24 de julho (SIC), nos animou, nos rapidíssimos lances de uma pequenina refrega.Cquote2.svg
Estava, assim, instituída a Comuna (prefeitura) de Manaus.

[editar]A comuna de Manaus

Tentam avançar para a cidade de Óbidos, a 780 km de Belém e 500Km de Manaus. Com dois fortes, estando em uma ótima posição estratégica, ficava na parte mais estreita do Rio Amazonas. Era o dia 26 de julho, Conseguem apoio do forte local, tentam seguir para o Maranhão, Pará e Piauí, mas não conseguem. As decisões eram tomadas pelos militares, e os civis ocupavam cargos burocráticos, apenas para executar as ordens dos líderes do levante. Os revoltosos viam os governantes como "maldosos", como "traidores passivos da nação", semeadores da Ilegalidade, do descrédito, do pauperismo, da degradação e da desonra. Para isso, havia a necessidade de uma moralização da política. As medidas adotadas dão a Ribeiro Junior grande popularidade. Eis algumas delas:
  • Tributo da Redenção – para reaver o dinheiro retirado do Tesouro, o governo realiza confiscos bancários, leilões de bens móveis, faz cobranças de impostos atrasados a empresas inglesas;
  • Criam impostos mais altos para os ricos.
Tudo o que foi expropriado foi deixado sob a administração da Comuna de Manaus. Os tenentes se transformam em heróis para a população manauense, que os apóiam desde o início da revolta. Contando com esse apoio, Ribeiro Junior permaneceu no poder até o dia 28 de agosto, quando chegaram a Óbidos e Manaus as tropas do Destacamento do Norte, comandadas pelo general João de Deus M. Barreto. As "rebeliões do norte", como era chamado o levante no Amazonas, foram reprimidas após as tropas legalistas terem atacado e vencido São Paulo e Sergipe.
Chegou a Belém no dia 11 de agosto e iniciam a operação. Destituem o governo em Óbidos, no forte, no dia 26 de agosto, e, dois dias depois, chega a Manaus. Ribeiro Junior e seus companheiros militares são presos. Ribeiro Junior foi condenado a 1 ano e quatro meses de prisão. Não há resistência, pois não queria que houvesse mortes, chacinas. Eis o relato do Jornal A liberdade sobre a prisão do líder da Comuna de Manaus:
Cquote1.svgO povo compareceu à frente do Palácio Rio Negro, a fim de levar ao tenente Ribeiro Junior, a sua solidariedade. Elementos civis expressavam-se prestando homenagens. Falaram Paulinho de Brito, Francisco Pereira e Otelo Marignier. Também a mulher amazonense se fez representar e operariado urbano.Cquote2.svg
Num primeiro momento, essa rebelião pode ser interpretada como uma proposta de moralização político-administrativa. E no próprio envolvimento de civis e militares (diferentes de todos os outros levantes ocorridos no mesmo ano, em que só os militares participaram), vê-se o paradoxo, em alguns momentos, do movimento rebelde: militares contestando o poder civil estabelecido, buscando uma moralização e encontrava apoio nos setores do funcionalismo público e nos setores ligados ao comércio e a população local. A popularidade perante a Comuna vem daí, durante todo o governo, pois atende aos interesses desses setores socais, os quais se diziam injustiçados. Esse levante foi um dos poucos a ter êxito, tomam a capital do Amazonas, tenta expandir-se às regiões vizinhas. Todos os outros (São Paulo, Sergipe, Mato Grosso, Pará, Piauí) não dão grandes resultados e são, rapidamente, vencidos pelas tropas legalistas.
Apenas em Manaus, no Amazonas, os rebeldes que assumiram o poder em julho de 1924, nele permanecendo por mais de um mês, chegaram a proclamar e pôr em prática algumas medidas de caráter social e nacionalista.

[editar]Referências

  • SANTOS, Eloína M. dos. "A Rebelião de 1924 em Manaus". Manaus, SUFRAMA, Gráfica Lorena, 2ª edição, 1990.
  • PRESTES, Anita L. "Os Militares e a Reação Republicana: As Origens do Tenentismo", Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 1994.
  • CARONE, Edgard. "A República Velha: II Evolução Política 1889-1930". DIFEL, 3ª edição, 1977. p. 387.
  • PRESTES, Anita L. "A Coluna Prestes". Editora Brasiliense, 1990. p. 96-97.
  • LISANTI, Luís. "O Movimento Revolucionário de 1924 a 1927: Um apelo à Revolta e um Testemunho", in Anais de História. ASSIS, 4:75-100, 1972.
  • SANTOS, Juberto. "A Comuna de Manaus". UFRJ, 2005.