Reflexão

A FÉ NÃO CONSISTE NA IGNORÂNCIA, MAS NO CONHECIMENTO.
João Calvino

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Exercícios...

HISTORIA DO AMAZONAS

Questões à  Módulo 1 – QUESTOES DO LIVRO-TEXTO

  1. Na Fase Paleoindígena, a economia voltava-se para a captura de animais de pequeno porte. Já na fase Arcaica a caça era especializada em geral e diversificada. A coleta animal e vegetal aumentou; a experiência e o maior conhecimento proporcionaram a domesticação de plantas e animais. Houve também uma transição para uma agricultura  incipiente e possuíam instrumentos de pedra lascada.
  2. Porque a Amazônia vinha sendo vista como portadora de um meio ambiente pobre e incapaz de sustentar uma densa população humana, e assim, não teria desenvolvido uma cultura complexa e diversificada em comparação aos Andes.
  3. Porque para Latrhap a Amazônia foi o centro de origem das principais inovações tecnológicas, tanto no que se refere à produção de cerâmica quanto ao do desenvolvimento da agricultura.
  4. Quando começaram as fases da conquista e da colonização, em nome de uma “civilização cristã” e incessante busca de poder e riqueza material, os europeus destruíram os cacicados – diretamente, com guerras e escravidão e indiretamente, pelo contágio de doenças até então desconhecidas.
  5. Betty Meggers  defende o determinismo geográfico, logo para ela a Amazônia possuía um ecossistema pobre incapaz de sustentar densas populações, ela acha que todos os vestígios encontrados na Amazônia teriam vindo de ambientes mais favoráveis, dos Andes, por exemplo. Já Latrhap acredita que a Amazônia foi o centro das principais inovações tecnológicas.

QUESTOES DE VESTIBULAR

1. C           2. E            3.A         4.

Questões à  Módulo 2 - QUESTOES DO LIVRO-TEXTO

  1. Os yurimágua possuíam uma grande aldeia – Aldeia da Louça – possuidora de belíssimas cerâmicas, policrômicas e vitrificadas, “a melhor que se viu no mundo”; possuíam também uma cabana de fins rituais ou festivos – Casa dos Prazeres – onde eram guardados grandes ídolos feitos de fibra vegetais trançadas: ostentavam braceletes, orelhas furadas de grande tamanho; eram tidos como a mais conhecida e belicosa nação do rio Amazonas que aterrorizava a esquadra portuguesa.
  2. Os omáguas chamaram atenção por possuírem uma deformação artificial do crânio, sendo chamados pelos colonizadores de “cambeba” e usavam roupas de algodão em diversas cores.
  3. Os Tupis promoveram a maior migração da história do Brasil, procurando terra sem males. Por fim chegaram à Amazônia.
  4. Ambas as margens do rio Amazonas eram pontilhadas de aldeias da província dos Tapajós, mas as grandes cidades estavam recuadas para o interior do lado direito; cada povoado era governado por um Principal; Possuíam armas para 60 mil homens e eram temidos pelas nações vizinhas por usarem veneno nas flechas, que tiravam a vida.
  5. No século XVI, a Amazônia era densamente povoada – 1 milhão de habitantes em terra firme somados a 1 milhão em várzea, correspondendo a 2 milhões de habitantes.

QUESTOES DE VESTIBULAR

1. A         2. D          

Questões à Módulo 3 - QUESTOES DO LIVRO-TEXTO

  1. A expedição de Orellana acreditava nessas míticas regiões do Eldorado e o País da Canela por na verdade necessitarem encontrar uma outra fonte de produção de especiarias para fazer frente aos portugueses que monopolizavam o mercado com produtos das Índias orientais, então, ambicionavam suprir-se das especiarias da América do Sul.
  2. As notícias que chegaram à Lima, através de sobreviventes da expedição de Orellana, reavivaram no Peru a crença do Eldorado e Omágua e o vice-rei do Peru preocupado com o grande número de gente desocupada, que sugeria perigo para a ordem pública, somado com as referidas notícias, resolveu organizar a jornada ao Dourado e aos Omáguas – Expedição de Ursua/Aguirre.
  3. Com a morte de D. Sebastião, rei de Portugal, e a de seu sucessor, instaurou-se uma crise de sucessão dinástica por não haver herdeiros diretos. Entretanto, Felipe II, rei da Espanha, e D. Catarina, eram netos de um falecido rei de Portugal. Felipe II assumiu o trono, tornando-se Felipe I, Rei de Portugal, constituindo, deste modo, a União Ibérica, pois detinha ambas as coroas.
  4. As motivações imediatas da ocupação Lusitana da Amazônia dão-se pelo fato da necessidade da construção de uma base militar para que procedesse a expulsão dos estrangeiros – ingleses, holandeses, e espanhóis – que infestavam a região do delta Amazônico ate o Xingu.
  5. A expedição de Pedro Teixeira abriu as comunicações com Quito, tornando melhor conhecido o trecho entre os Andes e o Atlântico. No seu rastro, veio a irradiação lusitana rumo a oeste, que aumentou o domínio português e proporcionou o extermínio de muitos grupos indígenas do Amazonas e de seus tributários.

QUESTOES DE VESTIBULAR

1.            2. D            3.D        

Questões à  Módulo 4 - QUESTOES DO LIVRO-TEXTO

  1. Os holandeses, por volta de 1616, passaram a se organizar em empresa para a exploração econômica da região; e os ingleses, em 1612, também criaram uma empresa com projeto de conquista e colonização da Amazônia. Os portugueses não gostaram disto, pois queriam dominar aquela área e não criar mais concorrentes. Controle dos índios da região.
  2. Uma das principais motivações para a irradiação lusitana rumo ao oeste da Amazônia ocorreu pelo esgotamento gradativo do estoque de índios da costa do Maranhão, etc., os obrigando a penetrar mais e mais no grande vale.
  3. No século XVII, período da chegada francesa a São Luis, os Tupinambás tornaram-se seus aliados, encontrados com as ferramentas e outros presentes dados pelos invasores por troca de mão-de-obra. Os franceses, porem, foram vencidos pelos portugueses, e os Tupinambás, mesmo tentando aproximação dos novos invasores, foram violentamente reprimidos, exceto alguns grupos que conseguiram firmar aliança com os portugueses, mas como estes queriam mesmo era escravizá-los, a primeira não submissão indígena resultou em guerra e grande extermínio.
  4. Com a invasão portuguesa, no inicio do século XVII, em suas terras, os Nheengaibas resistiram belicosamente a presença lusitana na região. Por isso sofreram vários revides dos portugueses.
  5. No inicio da invasão portuguesa, a atitude dos Tapajós para com eles era de franca amizade. Porem os lusitanos passaram a tratá-los como rebeldes e declaram guerra para a obtenção de escravos. Os Tapajós, diante das ameaças de bruta guerra, resolveram entregar suas armas e com o objetivo de reaver sua liberdade, prometeram 1000 escravos aos portugueses e acabaram tornando-se escravizadores por não possuírem escravos suficientes e buscarem em tribos vizinhas. Isto foi os destruindo, ate atingir o total extermínio, em 1820.
  6. Fez-se necessário a edificação da Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro por esta além de funcionar como órgão burocrático do Estado, servir de entreposto comercial e cidadela para a repressão de indígenas.

QUESTOES DE VESTIBULAR

1. B          2.                    


Questões à Módulo 5  - QUESTOES DO LIVRO-TEXTO

  1. As autoridades lusitanas receavam que ocorresse com as drogas do sertão o mesmo que ocorreu com o pau-brasil, isto é, chegou ao esgotamento devido à extração predatória; além disso, também queria garantir o uso da mão-de-obra indígena para a agricultura e, com isso, ampliar a produção de “drogas” que já eram largamente comercializadas  no mercado europeu.
  2. Os conflitos ocorriam incessantemente por os colonos leigos sentirem-se fortemente prejudicados devido aos privilégios da isenção de impostos que punha os religiosos em vantagem, levando a ruína os seus minguados comércios, incapazes de competir em igualdade com os missionários.
  3. O regimento das missões do Maranhão e Pará tinha por objetivo o disciplinar a atividade missionária e a obtenção da mão-de-obra indígena, no Maranhão e Grão-Pará. Formou a carta básica para o trabalho missionário e fornecimento de mão-de-obra indígena com os jesuítas sendo responsáveis pelo zelo para com a população das aldeias e tendo por obrigação recorrer aos descimentos para remediar a escassez da mão-de-obra, sem contar nos fornecimentos de índios farinheiros e  amas-de-leite das aldeias para os brancos.

  1. Apesar da precariedade dos dados, acredita-se que a região possuía nove povoações de brancos e mais sessenta e três aldeamentos indígenas.

  1. Os jesuítas com o objetivo da catequese indígena passaram a tomar posse de diversos aldeamentos e possuíam cativeiro e domínio indígenas, possuindo bom grau de produtividade. A produção exportada não pagava dizimas ao Estado quando saiam das colônias, nem os direitos das alfândegas quando adentravam na metrópole. Esta isenção era justificada por serem estes valores aplicados no sustento e manutenção das missões.


QUESTOES DE VESTIBULAR

1. E           2. D           3.D         4.     5. C

Questões à Módulo 6 - QUESTOES DO LIVRO-TEXTO


  1. Depois que a Coroa Portuguesa percebeu que o El Dorado não passava de um lugar imaginário passou a cobiçar a Amazônia pelas suas riquezas naturais como as drogas do sertão, por exemplo.
  2. Nas vilas, o governo temporal era exercido pelos juizes ordinários, vereadores e oficiais de justiça e nos aldeamentos indígenas pelos Principais. Em cada povoação haveria um diretor de índios e ao missionário seria confiada apenas a direção espiritual.
  3. No plano econômico, o governador tentou substituir a economia extrativista incipiente, que beirava a subsistência, por uma economia baseada na produção agrícola e pecuária. No campo político sua conduta foi voltada para a filosofia ilustrada que visava reforçar os órgãos administrativos.
  4. Os índios não puderam mais falar a sua língua materna e nem o nheengatu, tiveram que se vestir aos moldes europeus, suas moradias deveriam ser no estilo europeu, foram criadas escolas para meninos e meninas separadamente, seus sobrenomes foram mudados para nomes de famílias portuguesas. Houve uma verdadeira descaracterização do elemento indígena.
  5. Vários motivos explicam: os diretores se comportavam como verdadeiros tiranos e senhores absolutos das povoações e dos índios. Não incentivavam as atividades agrícolas, não expediam canoas ao sertão, não repartiam adequadamente os índios para o serviço real e nem para os moradores, tratavam os índios com violência acrescentando ao seu salário muitos maltratos..
  6. O Corpo dos Trabalhadores era uma instituição militarizada onde seriam, alistados todos os índios que não possuíssem estabelecimento próprio ou ocupação fixa, dali sairiam  todos os trabalhadores necessários para os serviços reais e particulares.

QUESTOES DE VESTIBULAR

1. E         2. B            3.


Questões à Módulo 7 - QUESTOES DO LIVRO-TEXTO

  1. A Capitania de São José do Rio Negro foi criada para integrar a Amazônia no contexto internacional. Ela era subordinada ao estado do Grão-Pará e Maranhão cuja sede era Belém. Sua sede era em Mariuá (Barcelos)
  2. A economia da capitania era voltada para a extração, basicamente das drogas do sertão e para a economia agrícola, em moderado desenvolvimento. Para o consumo interno produzíamos milho, arroz, algodão, cacau, café, cana etc e para exportação era basicamente as drogas do sertão.
  3. As Comissões executariam a parte prática do Tratado de Madri. Percorreriam o território para demarcar quem estava ocupando a terra , partindo do principio evocado pelo tratado: o uti possidetis.
  4. A expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira é de caráter cientifico e quando veio à Amazônia coletou um grande número de espécies de plantas e insetos o que rendeu um dos mais importantes acervos etnográficos da historia. Além disso, fez descrições das etnias existentes na Amazônia. Parte deste acervo foi exposto em Manaus no ano de 1997.
  5. Na capitania os índios era a grande maioria da população, eram aldeados de oriundos de diversas etnias. Havia também os brancos muitos dos quais vieram nas comissões de demarcações e por aqui ficaram e havia uma minoria de negros.

QUESTOES DE VESTIBULAR

1. E           2. D            3.B         4.

Questões à Módulo 8 - QUESTOES DO LIVRO-TEXTO

  1. Os Muras estavam em meio a um processo de expansão territorial quando ocorreu o primeiro contato com os portugueses. Extremamente belicosos eles resistiram muito até a sua “pacificação”.
  2. O elemento comum identificado é o fato dos índios não aceitarem a modificação dos seus códigos de costumes .
  3. Os Mundurucus, povo indígena de língua tupi, viviam no alto curso do rio Cururu, um dos formadores do Tapajós. As fontes da fama destes índios e o foco dos seus interesses próprios era a guerra. Cortavam as cabeças pois acreditavam que o efeito mágico das cabeças secas trazia abundância de animais silvestres aos caçadores.
  4.  Os mundurucus depois de 25 anos de confronto com os portugueses foram pacificados. Na Capitania do Rio Negro, Lobo D’Almada pôs em prática um projeto curioso para conquistar os índios mundurucus. Funcionava da seguinte forma: as tropas militares capturavam alguns índios, estes eram levados aos núcleos coloniais, onde eram tratados (se estivessem feridos eram curados e depois recebiam presentes). Em seguida, eram deixados ir embora para as suas aldeias de origem. Além dos presentes, levavam como bagagem também, o compromisso de trazerem seus chefes para se entenderem com as autoridades coloniais, ocasião em que seriam negociadas as bases para os descimentos, isto é, as bases para um tratado de paz.
  5. Maus-tratos, superexploração da força de trabalho, mistura de diversas etnias  com culturas diferentes convivendo no aperto do mesmo núcleo colonial, violação dos seus códigos de costumes etc.

QUESTOES DE VESTIBULAR

1. D           2. E            3.D

A carta régia de 12 de maio de 1798

In:

O Arquivo Nacional e a História Luso-BrasileiraÍndios
Extinção do Diretório dos Índios
Carta da rainha d. Maria I ao governador e capitão general do Estado do Pará, d. Francisco de Souza Coutinho, estabelecendo uma série de ordens para que os índios daquela região - tanto aqueles que já habitavam as povoações quanto aqueles que viviam “embrenhados” - fossem integrados à sociedade. Para tanto,  o mesmo documento extinguia o Diretório dos Índios. Segundo este documento, o objetivo dessa medida era que os indígenas ficassem em igualdade com os outros vassalos, tornando-se úteis e governados pelo Estado e pela Igreja.
Conjunto documental: Coleção de memórias e outros documentos sobre vários objetos.Notação: Códice 807, vol. 11
Datas – limite: 1768-1822
Título do fundo: Diversos códices - SDH
Código do fundo: NP
Argumento de pesquisa: índios, aldeamentos
Data do documento: 12 de maio de 1798
Local: Palácio de Queluz
Folha (s): 23 a 34

“D. Francisco de Souza Coutinho[1], do meu Conselho, Governador e Capitão General do Estado do Pará[2]. Eu a Rainha[3] vos envio muito saudar. Sendo a civilização dos índios, habitantes dos vastos distritos dessa Capitania, um objeto mui digno da Minha Maternal atenção, pelo bem real que eles, não menos do que o Estado, acharam em entrarem na sociedade, e fazerem parte dela, para participarem igualmente com os outros meus vassalos[4] dos efeitos do meu contente e [ilegível] interrompido desvelo em os amparar à sombra das saudáveis determinações (...) e assim não só de convidar aqueles índios que ainda estão embrenhados no interior da capitania a vir viver entre os outros homens, mas de conservar [ilegível] e permanentes aqueles que já hoje fazem parte da sociedade, servindo o Estado e conhecendo uma religião, em que vivem felizes, bem de outro modo que os primeiros, desgraçadamente envolvidos em uma ignorância cega e profunda até dos primeiros princípios da Religião Santa, abraçaram os últimos, por efeito da pias e benéficas disposições dos Senhores Reis, meus predecessores e minhas: e querendo igualmente que a condição destes índios, assim dos que já hoje tem trato e comunicação com os outros meus vassalos, como dos que deles fogem, seja em tudo a de homens em sociedade: Hei por bem abolir e extinguir de todo o Diretório dos Índios[5]estabelecido provisionalmente para o governo econômico das minhas Povoações, para que os mesmos índios fiquem, sem diferença dos outros meus vassalos, sendo dirigidos e governados pelas mesmas leis, que regem todos aqueles dos diferentes Estados, que impõem (sic) a Monarquia, restituindo os índios aos direitos, que lhes pertencem igualmente como aos meus outros vassalos livres. E confiando eu que vós procedereis para o importante fim da civilização dos índios com um acerto tanto do Meu agrado, quanto o foi o da informação que cobre este objeto me destes, encarrego-vos de cuidar des[de] logo nos meios mais eficazes de ordenar e formar os índios que já vivem em Aldeias, promiscuamente com os outros, em Corpos de Milícias, conforme a população dos Distritos, e segundo o Plano por que estão formados e ordenados os outros: E para Oficiais Comandantes de tais Corpos nomeareis os principais e oficiais das povoações indistintamente com os moradores brancos, fazendo executar as disposições e ordens concernentes ao governo e direção deles pelos referidos oficiais comandantes e pelos seus juizes, alternativamente brancos e índios, segundo a ordem a que pertencerem. Tratarei também de formar um Corpo efetivo de índios, bem como os Pedestres de Mato Grosso[6] e de Goiases[7], preferindo porém os pretos forros e mestiços, enquanto os houver, como mais robustos e capazes de suportar o trabalho, deixando ao [ilegível] discernimento o modo porque, haveis de organizar o referido Corpo efetivo, sem prejuízo da condução das madeiras e de outros serviços em que utilmente se empregam os índios, fixando-lhes um número determinado de anos de serviço (...) só trabalharão uma parte do ano, ficando-lhes a outra, para cuidarem nos negócios das suas famílias; o que insensivelmente os irá costumando a ocupações sérias, e por conseqüência a achar necessário para a sua felicidade um governo, que provê todas as mais precisões. [...] A paga deste Corpo será a mesma que a atual dos índios, acrescentando com uma porção de sal à ração diária e dando-lhes outra de aguardente[8], quando andarem em viagens, ou estiverem nos matos. Vencerá este Corpo dois uniformes cada ano (...) Conformando-me igualmente com o vosso parecer acerca dos índios que se ocupam nas pescarias, ordeno-vos, que façais logo alistar em número suficiente todos aqueles que houverem de ser pescadores, dispensando-os de entrarem assim no Corpo do Meu Real Serviço como nos de Milícias, e que lhes destineis as vilas em que devem habitar ficando porém sujeitos a outros trabalhos da pescaria, e impondo-lhes uma pena proporcionada, àqueles alistados que faltarem ao serviço ou abandonarem as embarcações (...) E porque não é da Minha Real Intenção que o Contrato dos Dízimos suba de preço à custa dos índios, mas sim que o dizimeiro e os outros contratadores daqueles contratos tenham gente para remar as canoas que a eles pertencem, e a quem paguem pelo preço em que convierem. (...) O outro meio que me propendes, como tendente também para o mesmo fim da Civilização dos índios,, é a continuação do comércio e navegação para Mato Grosso, feito por escravos[9], e não pelos índios (...) E com a fiel e bem entendida execução que confio dareis a estas Minhas Saudáveis Providências, espero ver realizados os desejos de aumentar o número dos fiéis, atraindo ao Grêmio da Igreja e à obediência das Minhas Leis uma considerável porção dos habitantes desse vasto país, que involuntário mas cegamente e infelizmente não conhecem outra lei que não seja da sua vontade sem regra, nem discernimento. E quanto antes poserdes em prática estas Minhas Disposições, tanto maior serviço fareis a Seus e a mim, a quem será mui agradável que vós sejais o Instrumento da total civilização desses índios, ao ponto de se confundirem as duas castas de índios e brancos em um só de vassalos úteis ao Estado, e filhos da Igreja.
Restituindo assim aos seus direitos os índios, convém atalhar a natural ociosidade, que os convida o clima, quer no Meu Real Serviço, que no dos particulares. (...) Iguais os índios em direitos e obrigações com os meus outros vassalos, ainda falta facilitar-lhes alianças com os brancos, como um meio muito eficaz para a sua perfeita civilização: Portanto ordeno-vos, que cuideis muito em promover os casamentos entre índios e brancos[10] (...) conceda a todos os brancos que casarem com índios a prerrogativa de ficarem isentos de todos os serviços públicos os seus parentes mais próximos, por um número de anos (...) Regulado assim a condição [dos] índios, que já vivem aldeados, é minha real Intenção, pelo que toca ao que andam embrenhados nos matos e repugnam procurar a sociedade dos outros seus semelhantes pelos justos motivos que me patenteais, alterar o sistema até agora seguido, e substituir lhe outro, que tenha por princípio não o conquistá-lo e sujeitá-los, mas prepará-los para admitirem comunicação e trato com os outros homens: e para este fim vos ordeno, que não façais nem consintais se faça, debaixo das mais severas penas, que ficam reservadas ao Meu Real arbítrio, guerra ofensiva ou hostilidades quaisquer a nação[11] alguma degentios[12], que habitam os vastos espaços dessa capitania; e recomendo-vos do mesmo modo que nem deis nem consintais se dê auxílio direto ou indireto nas guerras que umas nações às outras poderem fazer; proibindo, debaixo de rigorosas penas, a compra ou recebimento de nenhum escravos apreendidos nas guerras que entre si tiverem (...) E só vos será lícito adotar um sistema diferente deste puramente defensivo, no caso em que algumas das mesmas nações intentem hostilidades e correrias contra as cidades, vilas e outras povoações do norte (...) Todos e quaisquer comboios que freqüentarem o interior do Brasil, e dessa capitania em particular, seja navegando os rios, seja caminhando pelas estradas, serão obrigados a levar entre os gêneros de que compuserem as suas carregações, aqueles de que os gentios fazem naturalmente maior estimação, afim que encontrando-os, os brindem com tais presentes (...) Todo aquele indivíduo livre que quiser estabelecer-se nas terras e povoações dos gentios lhe serás concedida licença para isso; mas não poderá fazê-lo sem dar parte ao governo (...) Encarregando-vos ultimamente de cumprirdes e fazerdes se cumprir quanto nesta se contém, não obstante quaisquer outras ordens ou disposições em contrário sejam. Escrita no Palácio de Queluz[13] em 12 de maio de 1798.

[1] Governador da província do Grão- Pará, entre 1790 e 1803, era irmão de d. Rodrigo de Souza Coutinho.[2] Província do Brasil situada entre as atuais regiões do Amazonas e de Roraima. Sua fundação reporta-se à instalação do Forte do Presépio (1616), fruto da preocupação da coroa portuguesa em evitar a penetração  de corsários, sobretudo franceses, em seus domínios pelo rio Amazonas. Esse forte deu origem a cidade de Belém, capital do atual Estado do Pará. Foi através dessa província que, na década de 1720, foi introduzido o café no Brasil. Anos mais tarde, em 1796, ocorreu a criação do primeiro Jardim Botânico do Brasil, instalado em Belém-do-Pará. Criado para servir de modelo “a todos os outros que  viessem a se constituir na América Portuguesa”, o Jardim Botânico destinava-se ao cultivo e adaptação de árvores exóticas e plantas medicinais indígenas, atendendo a vertente utilitarista da Ilustração luso-brasileira que visava à exploração das potencialidades da colônia.[3] Trata-se de d. Maria I, denominada “a louca” (1734-1816). Nascida em Lisboa e falecida no Rio de Janeiro, (residia em tal cidade desde a mudança da família real para o Brasil em 1808, por ocasião da invasão francesa em Portugal). Foi responsável pela destituição do Marquês de Pombal do cargo de primeiro-ministro, e por uma série de reformas consideradas de “anti-liberais”, marcando a chamada “época da “viradeira”.[4] Neste período indica o mesmo que súdito da coroa. A palavra na Idade Média referia-se a uma camada privilegiada que recebia terras do Rei e uma série de benefícios.[5] Conjunto de diretrizes instituído pelo Marquês de Pombal no final da década de 1750, destinado as povoações indígenas do Pará e Maranhão. Este documento buscava a regulamentação como um todo da vida dos índios, uma vez que a Coroa portuguesa considerava-os incapazes devido a sua “barbárie”. Tratava então, de questões como por exemplo, a propagação da fé católica, a extinção do gentilismo, a chamada “civilidade” dos índios através da aculturação portuguesa, o aumento da agricultura e a introdução do Comércio.
[6] Região descoberta a partir das expedições bandeirantes em busca do ouro no século XVII, foi palco durante todo o período colonial da convivência, nem sempre pacífica, das populações brancas e indígenas. A região também abrigou índios e negros fugidos.
[7] Apesar de ser uma região conhecida desde o século XVI, seu processo de colonização apenas iniciou-se no final do século XVII, a partir das descobertas de minas de ouro por bandeirantes paulistas, com destaque para Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, considerado o descobridor de Goiás. Tem como legado cultural deste período o intenso contato entre índios nativos e negros, trazidos para a exploração das minas. Entre as cidades que mais se desenvolveram neste período do Ciclo do ouro destacam-se: Corumbá, Pirenópolis e Vila Boa.
[8] Destilada do melaço, é um subproduto do refino do açúcar. Sua utilização foi extensa e variada no mundo português: moeda de troca no tráfico negreiro; produto “calmante dos ânimos” dos escravos nas travessias do Atlântico e “refúgio da dura vida” nas senzalas; dentifrício (limpeza bucal) dos portugueses e produto indispensável na ração das bandeiras. Desta forma, remontando a paisagem colonial como uma pintura descrita, certamente seria encontrado a figura do alambique. Até hoje, no Brasil, a “cachaça” - nome popular do aguardente - tem seu lugar de destaque.  Na África Central Ocidental, a aguardente tornou-se conhecida como “geribita”.
[9] Logo nos primeiros anos da colonização no Brasil, utilizou-se mão do trabalho escravo indígena  para garantir a mão-de-obra necessária à produção açucareira, principal atividade da economia colonial até o século XVIII. Empregados nas lavouras, nos engenhos, nos moinhos, na criação de gado e nos serviços domésticos, os índios foram a primeira opção dos senhores de Engenho para a escravização, devido ao grande contigente populacional então existente e à falta de recursos suficientes que viabilizassem a importação de escravos africanos, já conhecidos pelos portugueses. Apesar da existência de uma legislação que proibia a escravidão indígena desde o final do século XVI,  a Coroa portuguesa não conseguiu extinguí-la.  As reações dos gentios à escravidão foram as mais diversas, além das lutas armadas, a fuga, o alcoolismo e o suicídio foram os meios encontrados para reagir à violência  do escravismo colonial. A substituição do escravo indígena pelo escravo africano deu-se a partir do século XVII, resultando de vários fatores:  a grande resistência dos índios à escravidão;  a crescente escassez de mão-de-obra indígena, decorrente da mortandade gerada pelas doenças e pelas guerras; a posição contrária da Igreja Católica e o tráfico negreiro intercontinental.  Na verdade, foi o lucro originário do comércio negreiro que,  tornando-se uma das principais fontes de recursos para a metrópole, fez do escravo africano mais atrativo do que o indígena. 
[10] De acordo com a historiografia tradicional, a coroa portuguesa enviou no final do século XVI navios com mulheres brancas para que os primeiros colonizadores pudessem estabelecer famílias no Brasil. Isto seria também uma maneira de impedir a miscigenação das raças e a união sem a benção da Igreja Católica. No entanto, estudos atuais sobre a colonização brasileira, mostram que estes casamentos inter-raciais foram em algumas situações até estimulados, uma vez que o casamento entre um europeu e uma índia de determinada tribo poderia assegurar vantajosas alianças políticas nas batalhas que envolvessem um povo considerado inimigo pela tribo da esposa. Além disso, havia a questão da aculturação dos povos indígenas, a partir do incentivo da Igreja através da catequese, que asseguraria ao marido a legitimidade da união, uma vez que a esposa passaria a professar a fé católica. 
[11] termo nação está sendo aqui empregado para designar as tribos indígenas, que se agrupavam de acordo com suas crenças e línguas.
[12] Termo empregado pelos colonizadores portugueses ao se referirem aos índios e significava o mesmo que bárbaro, pagão.
[13] Região de Lisboa que abrigou o antigo castelo real, construído no século XVIII.

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Breve história do Brasil colonial

O Período Pré-Colonial: A fase do pau-brasil (1500 a 1530)
A expressão "descobrimento" do Brasil está carregada de eurocentrismo (valorização da cultura européia em detrimento das outras), pois desconsidera a existência dos índios em nosso país antes da chegada dos portugueses. Portanto, optamos pelo termo "chegada" dos portugueses ao Brasil. Esta ocorreu em 22 de abril de 1500, data que inaugura a fase pré-colonial.
Neste período não houve a colonização do Brasil, pois os portugueses não se fixaram na terra. Após os primeiros contatos com os indígenas, muito bem relatados na carta de Caminha, os portugueses começaram a explorar o pau-brasil da Mata Atlântica.
O pau-brasil tinha um grande valor no mercado europeu, pois sua seiva, de cor avermelhada, era muito utilizada para tingir tecidos. Para executar esta exploração, os portugueses utilizaram o escambo, ou seja, deram espelhos, apitos, chocalhos e outras bugigangas aos nativos em troca do trabalho (corte do pau-brasil e carregamento até as caravelas).
Nestes trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, ingleses e franceses que tinham ficado de fora do Tratado de Tordesilhas (acordo entre Portugal e Espanha que dividiu as terras recém descobertas em 1494). Os corsários ou piratas também saqueavam e contrabandeavam o pau-brasil, provocando pavor no rei de Portugal. O medo da coroa portuguesa era perder o território brasileiro para um outro país. Para tentar evitar estes ataques, Portugal organizou e enviou ao Brasil as Expedições Guarda-Costas, porém com poucos resultados.
Os portugueses continuaram a exploração da madeira, construindo as feitorias no litoral que nada mais eram do que armazéns e postos de trocas com os indígenas.
No ano de 1530, o rei de Portugal organizou a primeira expedição com objetivos de colonização. Esta foi comandada por Martin Afonso de Souza e tinha como objetivos: povoar o território brasileiro, expulsar os invasores e iniciar o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil.


O trabalho escravo num engenho de açúcar
O Açúcar O açúcar era um produto de muita aceitação na Europa e alcançava um grande valor. Após as experiências positivas de cultivo no Nordeste, já que a cana-de-açúcar se adaptou bem ao clima e ao solo nordestino, começou o plantio em larga escala. Seria uma forma de Portugal lucrar com o comércio do açúcar, além de começar o povoamento do Brasil. A mão-obra-obra escrava indígena - os "negros da terra" - foi utilizada a princípio, sendo depois substituída pelos escravos de origem africana, foi utilizada nesta fase.
Administração Colonial 
Para melhor organizar a colônia, o rei resolveu dividir o Brasil em Capitanias Hereditárias. O território foi dividido em faixas de terras que foram doadas aos donatários. Estes podiam explorar os recursos da terra, porém ficavam encarregados de povoar, proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar. No geral, o sistema de Capitanias Hereditárias fracassou, em função da grande distância da Metrópole, da falta de recursos e dos ataques de indígenas e piratas. As capitanias de São Vicente e Pernambuco foram as únicas que apresentaram resultados satisfatórios, graças aos investimentos do rei e de empresários.

Após a tentativa fracassada de estabelecer as Capitanias Hereditárias, a coroa portuguesa estabeleceu no Brasil o Governo-Geral. Era uma forma de centralizar e ter mais controle da colônia. O primeiro governador-geral foi Tomé de Souza, que recebeu do rei a missão de combater os indígenas rebeldes, aumentar a produção agrícola no Brasil, defender o território e procurar jazidas de ouro e prata.
Também existiam as Câmaras Municipais que eram órgãos políticos compostos pelos "homens-bons". Estes eram os ricos proprietários que definiam os rumos políticos das vilas e cidades. O povo não podia participar da vida pública nesta fase.
A capital do Brasil neste período foi Salvador, pois a região Nordeste era a mais desenvolvida e rica da colônia.

A economia colonial
A base da economia colonial era o engenho de açúcar. O senhor de engenho era um fazendeiro proprietário da unidade de produção de açúcar. Utilizava a mão-de-obra africana escrava e tinha como objetivo principal a venda do açúcar para o mercado europeu. Além do açúcar destacou-se também a produção de tabaco e algodão.
As plantações ocorriam no sistema de plantation, ou seja, eram grandes fazendas produtoras de um único produto, utilizando mão-de-obra escrava e visando o comércio exterior.
O Pacto Colonial imposto por Portugal estabelecia que a colônia só podia fazer comércio com a metrópole.

A sociedade Colonial
A sociedade no período do açúcar era marcada pela grande diferenciação social. No topo da sociedade, com poderes políticos e econômicos, estavam os senhores de engenho. Abaixo, aparecia uma camada média formada por trabalhadores livres e funcionários públicos. E na base da sociedade estavam os escravos de origem africana.
Era uma sociedade patriarcal, pois o senhor de engenho exercia um grande poder social. As mulheres tinham poucos poderes e nenhuma participação política, deviam apenas cuidar do lar e dos filhos.
A casa-grande era a residência da família do senhor de engenho. Nela moravam, além da família, alguns agregados. O conforto da casa-grande contrastava com a miséria e péssimas condições de higiene das senzalas (habitações dos escravos).

Invasão holandesa no Brasil
Entre os anos de 1630 e 1654, o Nordeste brasileiro foi alvo de ataques e fixação de holandeses. Interessados no comércio de açúcar, os holandeses implantaram um governo em nosso território. Sob o comando de Maurício de Nassau, que governou de 1637 a 1644, foram desenvolvidos diversos trabalhos, notadamente a modernização de Recife. Após a demissão de Nassau, os desentendimentos entre os luso-brasileiros e os holandese cresceram, e resultaram na Insurreição Pernambucana. Em 1654 os holandeses, derrotados, foram expulsos do nordeste brasileiro. Tornaram-se produtores de açúcar em suas colônias antilhanas e agravaram a crise açucareira do Brasil na segunda metade do século XVII.

O bandeirante Domingos Jorge Velho
Expansão territorial 
Foram vários os fatores que resultaram na ampliação do território colonial português: a pecuária, a extração das drogas do sertão, o bandeirismo apresador e prospector, o sertanismo de contrato. Os bandeirantes penetram no território brasileiro, procurando índios para aprisionar e jazidas de ouro e diamantes. Foram os bandeirantes que encontraram as primeiras minas de ouro nas regiões de Minas Gerais,  o final do século XVII.
Século XVIII, "século do ouro" 
Após a descoberta das primeiras minas de ouro, o rei de Portugal tratou de organizar sua extração. Interessado nesta nova fonte de lucros, já que o comércio de açúcar passava por uma fase de declínio, ele começou a cobrar o quinto. O quinto nada mais era do que um imposto cobrado pela coroa portuguesa e correspondia a 20% de todo ouro encontrado na colônia. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição.
A descoberta de ouro e o início da exploração da minas nas regiões auríferas (Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás) provocou uma verdadeira "corrida do ouro" para estas regiões. Procurando trabalho na região, desempregados de várias regiões do país partiram em busca do sonho de ficar rico da noite para o dia.
O trabalho dos tropeiros foi de fundamental importância neste período, pois eram eles os responsáveis pelo abastecimento de animais de carga, alimentos (carne seca, principalmente) e outros mantimentos que não eram produzidos nas regiões mineradoras.

Igreja de Ouro Preto

Desenvolvimento urbano nas cidades mineiras Cidades começaram a surgir e o desenvolvimento urbano e cultural aumentou muito nestas regiões. Foi neste contexto que apareceu um dos mais importantes artistas plásticos do Brasil : Aleijadinho.
Vários empregos surgiram nestas regiões, diversificando o mercado de trabalho na região aurífera. Igrejas foram erguidas em cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Diamantina e Mariana.
Para acompanhar o desenvolvimento da região sudeste, a capital do país foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.

Revoltas Coloniais e Conflitos
Em função da exploração exagerada da metrópole ocorreram várias revoltas e conflitos neste período:
- Guerra dos Emboabas : os bandeirantes queriam exclusividade na exploração do ouro nas minas que encontraram. Entraram em choque com os paulistas que estavam explorando o ouro das minas.
- Revolta de Filipe dos Santos : ocorrida em Vila Rica, representou a insatisfação dos donos de minas de ouro com a cobrança do quinto e das Casas de Fundição. O líder Filipe dos Santos foi preso e condenado a morte pela coroa portuguesa.
- Inconfidência Mineira (1789) : liderada por Tiradentes , os inconfidentes mineiros queriam a libertação do Brasil de Portugal. O movimento foi descoberto pelo rei de Portugal e os líderes condenados.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Índios da Amazônia

Índios da AmazôniaVeja o artigo completo in
consultado em 06.04.2011
A bacia amazônica foi palco das culturas indígenas mais sofisticadas antes da conquista. A expressão cultural mais importante dos indígenas da Amazônia é a cerâmica desenterrada na Ilha de Marajó na foz do Amazonas e em Santarém, no rio Tapajós, sendo as evidências de sociedades indígenas mais avançadas existentes no Brasil.


As primeiras populações que habitaram a Ilha do Marajó viviam de forma simples, com organização social baseada no trabalho doméstico e familiar. Dedicavam-se à caça, à pesca, à coleta de produtos da floresta e à horticultura. Cerâmica, tecidos e outros objetos eram produzidos para a família e para eventuais trocas com outros grupos.

Igaçaba Marajoara. Museu do Encontro, Forte do Presépio. Belém-PA.


Os povos que viveram na Ilha do Marajó entre 1.500 anos a.C. até o século XVIII produziam cerâmica em estilos diversos. A cerâmica marajoara demonstrava grande valor como objeto artístico e veículo de comunicação social e cultural. Desenhos geométricos e figuras humanas e de animais podem ser observados na decoração.


A produção da cerâmica se concentrava no trabalho das mulheres das tribos, responsáveis por todo o processo, da escolha da argila à modelagem, da queima das peças à pintura dos objetos.


Dentre as peças cerâmicas mais famosas estão as igaçabas, urnas destinadas à guarda de ossos dos mortos em cerimônias funerárias. Há ainda as estatuetas, muitas utilizadas pelos pajés em rituais como maracás, e as tangas de cerâmica, usadas por mulheres em cerimônias e ritos de passagem.


O principal grupo indígena que habitava a região do rio Tapajós, no Estado do Pará, chamava-se Tapajó, habitando a região pelo menos desde o século X até o XVII. Sua principal aldeia estava situada na foz do rio Tapajós, local atual do bairro de Aldeia, na cidade de Santarém.

Os relatos históricos informam que os Tapajó estavam organizados em aldeias com 20 a 30 famílias, vivendo juntas em casas coletivas. Os grupos familiares possuíam lideres (chefes), a quem deviam obediência.


A cerâmica indígena tipicamente de Santarém da cultura cerâmica tapajônica apresentam regularmente a representação de figuras humanas e animais. Os objetos mais significativos da cerâmica de Santarém são os vasos de cariátides, os vasos de gargalo, estatuetas e cachimbos.



Vaso de Cariátide. Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém-PA.



Os vasos de cariátides apresentam curiosamente pequenas figuras modeladas que sustentam uma vasilha sobre suas cabeças. Esses vasos e os de gargalo apresentam em sua estrutura decorações com figuras humanas ou animais, como urubus, antas, macacos e pequenos batráquios. As estatuetas, em sua maioria, representam formas humanas, sobretudo femininas.


Além de sua sofisticada cerâmica, os índios Tapajó tem como maior expressão de sua criatividade os Muiraquitãs, que são considerados os elementos de cultura material indígena mais sofisticado do Brasil.



Muiraquitã. Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém-PA.

Os Muiraquitãs, também chamados de “Pedras das Amazonas”, eram adornos produzidos de pedras verdes (jadeíta, amazonita) em forma de batráquio, possivelmente utilizados como protetores contra doenças e mordedura de animais peçonhentos, assim como elemento para o aumento da fertilidade feminina e como figura mitológica astral. Na Amazônia, os muiraquitãs foram encontrados com maior freqüência nos vales dos rios Tapajós, Trombetas e Nhamundá.




Índios aldeados, escravos e resgatados

Para o Estado português, a prioridade era assegurar a participação dos indígenas nas atividades produtivas e sua colaboração na defesa do território. Isso determinou a adoção de diversas medidas legais em relação aos indígenas e o uso de sua força de trabalho.


liberdade era garantida para os índios aldeados e aliados, ou seja, os que viviam nos aldeamentos e foram convertidos e aculturados. Livres, eram senhores de suas terras nas aldeias, passíveis de serem requisitados para trabalharem para os moradores mediante pagamento de salário.


Esses índios aldeados e aliados eram recrutados pelas “tropas de descimentos”, ou seja, eram “descidos”, isto é, trazidos de suas tribos do interior (“sertão”) para junto das povoações portuguesas, onde eram catequizados e “civilizados”, de modo a tornarem-se úteis a Coroa. Deles dependia o sustento dos moradores e a defesa da colônia.



Texto e contexto
“Eu, El-Rei, recomendo aos Padres Jesuítas que penetrem tanto quanto possível nos sertões e façam neles igrejas para cultivar os índios na fé e para que vivam com a decência cristã e deixem seus bárbaros costumes.”
(Provisão Régia de 1680).


Para o “descimento”, havia a obrigatoriedade da presença de missionários junto às tropas, já que o principal objetivo dos descimentos era a conversão. O método usado para trazer os índios para aldeias próximas às povoações coloniais era a persuasão, ou seja, tratava-se de convencer os índios de que era interessante aldear-se junto aos portugueses, para sua própria proteção. Nas aldeias deviam viver índios e missionários, estes últimos, sobretudo padres jesuítas, administravam as aldeias e promoviam a catequese, isto é, o ensino da religião católica.


O aldeamento era um projeto da colonização portuguesa para garantir a conversão dos índios ao catolicismo, a ocupação do território, sua defesa e ainda servia como uma reserva d mão-de-obra para o desenvolvimento da colônia.

A repartição da mão-de-obra era estabelecida pela “terça parte”: um terço permanecia na aldeia, um terço servia à Coroa (guerras, descimentos), o restante era repartido entre os moradores, para atividades remuneradas.



Para a escravização dos indígenas, havia duas possibilidades: a guerra justa e o resgate. O principal caso de escravização legal era a guerra justa.


As causas legítimas para a realização de uma guerra justa seriam a recusa à conversão, a prática de hostilidades contra os portugueses e a quebra de pactos celebrados. O impedimento à pregação era apontada como causa justificada de guerra, para punir e castigar aqueles que punham obstáculo à propagação da fé cristã. As hostilidades das tribos também eram causas das guerras justas. Era então estabelecida a hostilidade, a guerra devia destruir as aldeias inimigas, matando ou escravizando a todos a quem de algum modo resistir.


Também podiam ser escravos os índios resgatados, que não eram inimigos, mas que eram cativos ou escravos de outros índios e que fossem comprados ou “resgatados”, para serem salvos. Contudo, o cativeiro através do resgate não era ilimitado, havia tempo definido para manter o índio como cativo, geralmente dez anos para que fiquem livres.


O escambo de pau-brasil, intensamente praticado no litoral, foi a primeira atividade importante onde se utilizou a mão-de-obra indígena. Na região amazônica, o uso da força de trabalho dos índios era importante, pois estes conheciam e região, sendo utilizados na navegação nos rios, na orientação na mata, assim como no trabalho na floresta, na extração das chamadas “drogas-do-sertão”.


Em 1757, foi instituída a Lei do Diretório dos Índios que tiraria a tutela dos indígenas dos padres, passando a administração dos aldeamentos para dirigentes civis, tal lei estabelecia: a substituição dos religiosos missionários por diretores civis leigos nas aldeias; a obrigação do uso da língua portuguesa nas aldeias e vilas, com a proibição do uso da “língua geral”; a autorização da presença de brancos colonos nas aldeias, que podiam viver agora no povoado indígena; o incentivo ao casamento entre os indígenas e os colonos brancos.


A Lei do Diretório tinha a intenção de tornar os indígenas cada vez mais úteis ao processo colonizador, tornando-os em homens livres e colonos tendo como um dos seus objetivos efetivar a ocupação e a defesa do território brasileiro, sobretudo na região amazônica, alvo principal da reforma indigenista pombalina.


Como solução econômica, a escravidão indígena fracassou na maior parte do território colonial brasileiro. Não pela indolência, mas sim pela resistência dos índios ao cativeiro e a um regime de trabalho para eles opressivo, estranho e sem sentido. Mas o uso da força de trabalho indígena teria importância em outras áreas coloniais, como, por exemplo, na Amazônia e em São Paulo.



Os nativos sob o olhar europeu


Os europeus deixaram sua visão inicial do Novo Mundo e seus ocupantes registrada em vários textos escritos, gravuras, desenhos, etc. Essa visão apresenta sentimentos contraditórios de encanto e estranhamento. Mas, à medida que os interesses da conquista impuseram sua força, definindo objetivos econômicos e estratégias políticas de ocupação do território, a visão dos europeus passou logo da estranheza para a desconfiança, da atração para a rejeição.

Dados à poligamia, canibalismo, idolatria e outros “vícios”, os indígenas, de seres “diferentes”, passaram à condição de seres inferiores. De “bons selvagens”, foram reduzidos a selvagens simplesmente, ou a “bárbaros”, à medida que aumentaram sua resistência ao avanço da conquista colonial.


Texto e Contexto


“Os Índios moradores d’este rio tem grandissimas superstições, como os Engaibas, ainda q’ nenhum d’elles adora a couza algûa. Sam bárbaros, grandes comedores de carne humana, traidores em estremo, os mais delles se prezam de feiticeiros, e q’ falam com o Diabo, dam a entender a os demais q’ o Diabo gosta de algûas couzas, as quais todas executam e guardam inviolavelmente, mais por temor a outra couza.”
(De Mauricio de Heriarte, em 1639, sobre os índios do rio Tocantins. HERIARTE, Mauricio de. A “Descriçam do Estado do Maranham, Para, Corupa, Rio das Amazonas” (1662). In: PAPAVERO, Nelson et. al. O Novo Éden... Belém: Museu Paraense Emilio Goeldi, 2002. 2ª ed. p. 252.)


Para justificar a pilhagem e submissão de povos inteiros e a morte de milhões de índios na América, os europeus não hesitaram em atribuir caráter diabólico a muitos dos rituais indígenas e acusar os nativos de serem agentes do demônio e inimigos da cristandade. Trouxeram para o Novo Mundo a velha intolerância religiosa e o sentimento de superioridade do europeu sobre povos considerados “atrasados” ou “primitivos”.


A noção de exotismo domina a representação do índio no motivo do selvagem bárbaro, cruel, antropófago, ou o seu contrário, o homem em estado natural, o “bom selvagem”.


Texto e Contexto
“No Novo Mundo, depois da chegada dos padres, há duas igrejas: uma boa e católica, chefiada por Roma, e outra diabólica, dirigida pelas hostes de Satã.”
(Do padre espanhol Andrés de Olmos, por volta de 1550, sobre o cenário da luta espiritual na América).


O olhar europeu em gravuras e relatos coloca-se, assim, a serviço da legitimação moral de assuntos profanos, bem como dos dogmas cristãos.


O índio não-cristão apresenta-se nu para ser catequizado ou civilizado; o indígena, com maracás, ídolos em seus rituais, devia ser convertido. São, desta forma, sempre pensados e representados de acordo com os objetivos europeus de exploração e catequese. Tal visão extraída do caleidoscópio eurocêntrico justificava a presença ocidental em terra americana.


Com a colonização, os nativos da América portuguesa tinham duas escolhas: submeter-se ou resistir. No plano social e político, isso significada aderir a uma sociedade não-igualitária e hierarquizada, ou opor-se a ela. No plano cultural, implicava em preservar ou abandonar as tradições, crenças e costumes, pelos valores da sociedade européia cristã.


Texto e Contexto

“Não se pode esperar nem conseguir nada em toda esta terra na conversão dos gentios, sem virem para cá muitos cristãos, que conformando-se a si e a suas vidas com a vontade de Deus, sujeitem os índios ao jugo da escravidão e os obriguem a acolher-se à bandeira de Cristo.”
(De José de Anchieta, em meados do século XVI, sobre a necessidade de submeter os nativos para convertê-los).


Alguns povos não tiveram escolha senão deixar-se catequizar e colocar-se sob o abrigo das ordens religiosas para escapar da escravidão ou ao extermínio imposto pelos colonizadores. Outros empreenderam lutas em defesa de sua autonomia, como na Guerra Guaranítica (1753-1756), empreendida pelos índios guaranis no século XVIII contra a imposição do governo para que os indígenas guaranis que habitavam a região do rio da Prata deixassem seu território durante a demarcação dos limites do território brasileiro imposto pelo Tratado de Madri (1750).


Texto e Contexto


Resistência Indígena no Brasil


Guerra ou Confederação dos Tamoios (1555-1567): ocorre no Rio de Janeiro e São Paulo. Os Tupinambá se aliam aos Carijó, Tupinikins e franceses, reúnem 180 canoas, num assalto matam Fernão, filho de Mem de Sá.


Guerra dos Aimoré (1555-1673): os Aimoré, povo Jê, atingem Ilhéus, BA, atacando até o Recôncavo.


Levante dos Tupinambá (1619): atacam Belém, PA, sob o comando do chefe Guaimiaba (Cabelo de Velha).


Guerra dos Manau (1723-1728): os índios Manau liderados por Ajuricaba impedem qualquer barco luso subir o rio Negro de 1723 até 1728.

Outros grupos optavam por fugir para regiões distantes dos núcleos coloniais. Entre esses, após a chegada dos portugueses no século XVI, um grupo numeroso de Tupinambás retiraram-se do litoral para a Amazônia, a procura do que eles chamavam de “terra sem males”.

Texto Complementar



Justiça Federal ordena retirada de madeireira e grileiros da Terra Indígena Apyterewa no Pará, 15 de maio de 2005.

A desembargadora federal Selene Maria de Almeida ordenou a retirada da madeireira Peracchi e de grileiros que ocupam áreas na Terra Indígena Apyterewa, localizada no estado do Pará. Áreas conhecidas como o "Paredão" e o "Pé de Morro" devem ser desocupadas pelos invasores, segundo a decisão da Justiça para a ação civil pública movida pela Funai - Fundação Nacional do Índio e pelo Ministério Público Federal. A TI Apyterewa está localizada nos municípios de Altamira e São Félix do Xingu. Nos últimos anos, a área foi palco da ação de madeireiros e grileiros, que retiraram madeira e outros recursos naturais de maneira ilegal. Em 2003 a TI Apyterewa foi a área indígena recordista em desmatamento na Amazônia brasileira. Além de devastar as florestas, os invasores têm impedido que a Funai realize o trabalho de demarcação da terra indígena, inclusive ameaçando servidores e indígenas residentes no local. A delimitação da área foi objeto de disputa durante anos e já teve inclusive seu tamanho diminuído. Em 2004, portaria do Ministério da Justiça assegurou a posse da área para o grupo indígena Parakanã, delimitando a área e determinando à Funai que procedesse a demarcação. (Maurício Araújo/ Amazônia.org)
(Acessado em: http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=19138)




Hidrovia Tocantins-Araguaia ameaça índios



Mais de quarenta lideranças indígenas dos povos Apinajé, Xavante, Xerente, Tapirapé, Krikati, Krahô, Javaé e Karajá estiveram reunidos, no dia 10 de março em São Felix do Araguaia, MT, para enfrentar juntos uma grande ameaça: a hidrovia Tocantins-Araguaia. Um projeto concebido nos anos 80 pelo governo brasileiro e a Organização dos Estados Americanos (OEA), a fim de implementar no interior do país uma via fluvial industrial.


A execução dessa hidrovia acarretará destruição de ecossistemas importantes e perda da biodiversidade da região. (...) Cerca de 10 mil indígenas serão prejudicados pela hidrovia. O governo ofereceu aos índios compensações em dinheiro, mas eles rejeitaram a oferta, propondo como alternativa de transporte para a região a conclusão da rodovia BR-158, a Ferronorte e a ferrovia Norte-Sul.
(Adaptado de Porantim, março/abril, 1999. p. 6.)